Dia Mundial da Saúde: capacitismo se combate com informação, tecnologia, qualidade de vida e vontade política. Vamos juntos?
Por Thomas Pfleghar, diretor de academy da Ottobock na América Latina
O mês de abril é marcado pela promoção de ações voltadas à qualidade de vida. Isso porque no dia 7 deste mês é celebrado o Dia Mundial da Saúde. A data oficializa a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 1948. O tema da celebração no ano de 2023 é “Saúde Para Todos”, o que torna importante que os profissionais ligados a este momento voltem também a atenção para um grande grupo da população mundial: as pessoas com deficiência física, que precisam da garantia de qualidade de vida e mobilidade. Olhar para esse público é a base para lutarmos contra o capacitismo, que é o preconceito contra pessoas com deficiência.
Em todo o mundo, segundo relatório divulgado pela OMS e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em 2022, 2,5 bilhões de pessoas precisam de algum tipo de produto assistivo, que têm como objetivo dar algum tipo de suporte devido a alguma deficiência (como exemplo, temos as pessoas que necessitam de cadeiras de rodas). No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, existe um grupo de 45 milhões de habitantes com algum tipo de deficiência, entre os quais 13 milhões são pessoas com deficiência física.
Esse contingente de pessoas necessita de diferentes ações para a garantia de sua inserção, empoderamento, independência e adaptação na sociedade. Da mesma forma, a própria sociedade precisa se moldar tendo em vista o bem-estar das pessoas com algum tipo de limitação na mobilidade. Um exemplo dessas ações são as tecnologias desenvolvidas mundialmente para auxiliar na locomoção das pessoas.
Equipamentos como próteses ortopédicas (que substituem total ou parcialmente algum membro do corpo humano), órteses (usadas nos membros para correção de postura, diminuição da dor ou como auxílio no processo de cicatrização) ou cadeiras de rodas têm recebido atenção especial da comunidade ligada à ciência e à saúde. Isso acontece porque o avanço tecnológico e o investimento em pesquisas auxiliam na melhoria da qualidade de vida desta parcela da população. Isso garante não apenas a saúde física, mas também ajuda na saúde mental, com melhoria na autoestima de pacientes, o que resulta na luta contra o capacitismo.
A tecnologia tem permitido que as pessoas com algum tipo de limitação se locomovam com mais segurança, que tenham melhor estabilidade e agilidade em sua rotina e possam desempenhar diferentes tipos de atividades, seja no trabalho ou no lazer. Um exemplo disso são as pessoas amputadas que praticam esportes paralímpicos e encontram nesses equipamentos condições necessárias para competir e treinar em suas modalidades e alcançar índices de campeões. Mesmo em necessidades mais comuns de um trabalhador, as próteses, órteses e cadeiras de rodas são essenciais para sua inserção no mercado de trabalho e a garantia de independência.
Mas, ainda que empresas ligadas ao desenvolvimento desses equipamentos se dediquem no avanço tecnológico, a inserção desta parcela de pessoas na sociedade e o combate ao preconceito necessita também de que outros setores façam sua parte e ajudem neste processo. A ciência e a iniciativa privada precisam do comprometimento do poder público, independentemente da esfera à qual pertence, no sentido de garantir os investimentos, leis e políticas públicas voltadas à mobilidade urbana e à acessibilidade.
Os equipamentos já existentes e aqueles em desenvolvimento só terão efetividade se todas as barreiras que ainda impedem o bem-estar e a inclusão de pessoas com deficiência sejam retiradas do caminho para a sua passagem. E isso precisa ser constantemente aprimorado, assim como o avanço tecnológico, tendo em vista que as demandas da sociedade, e em especial desta parcela da população, sempre passam por mudanças e devem ser atendidas.
Artigo publicado com exclusividade no portal Medicina S/A