Mães e empreendedoras. Desafios e conquistas de ter os filhos juntos na empreitada profissional
Entre as empresas apoiadas pela Endeavor no Paraná, conheça algumas delas que têm como idealizadoras mães de sucesso.
Reuniões, decisões, contratações, produtividade, fechar negócios. Essas são algumas pautas no dia a dia de quem empreende. Mas na rotina de quem empreende e é mãe, adicione mais horas entre buscar e levar filhos na escola, pensar no almoço e na janta, fazer a tarefa, dar banho, aulas complementares e ainda respirar! Essa é a rotina que muitas mulheres que não sonham apenas em serem mães, mas também terem sucesso profissional no próprio negócio, possuem. E, ao contrário do que muita gente possa pensar, as empreendedoras apoiadas pela Endeavor desta matéria a cumprem com muita dedicação e sucesso.
Atualmente no Brasil o número de mulheres empresárias vem crescendo. Segundo dados da Endeavor – organização global de apoio a empreendedores – as mulheres já são mais de 40%. Aqui no Paraná, três mães são exemplos de que ser mãe não é um obstáculo e sim um incentivo ao sucesso e a persistir no sonho. Lena, Noeli e Larissa são idealizadoras de empresas apoiadas em programas da Endeavor.
“É muito comum ver mulheres começando negócios para complementar a renda familiar, mas algo difícil de encontrar são casos como o da Noeli, Lena e Larissa, que buscaram através da inovação e diferenciação criar um negócio de alto impacto. Essas mulheres possuem negócios bem sucedidos que, além de crescerem aceleradamente, colaboram com suas comunidades através da geração de centenas de empregos e pagamento de impostos. Ser mãe e empreendedora no Brasil são tarefas hercúleas, essas três mulheres inspiram pela sua força de vontade e brilho no olho”, comenta Marco Mazzonetto, da Endeavor Paraná.
NA FEITO BRASIL E DOCE D’OCÊ A RELAÇÃO MÃE E FILHO VAI PARA DENTRO DA EMPESA
Em Mandaguaçu, região metropolitana de Maringá, fica a sede da Feito Brasil, empresa referência em cosméticos veganos artesanais. A idealizadora é Lena Peron, ou “Mama da feito”, como é mais conhecida. Isso porque fundou a Feito Brasil em 2004 para seus filhos Felipe então com 16 anos e Giulio com 11. Como ela mesmo explica “sou a mama dos fundadores e, de certa forma, mama da feito também”.
O sonho de produzir cosméticos veio de infância e moveu a vida de Lena e sua família.
“Quando tinha apenas seis anos visitei a fábrica de meu tio no Rio Grande do Sul. Para mim, era como se estivesse na “fantástica fábrica de chocolates”. Esse sonho me acompanhou por muitos anos, e moveu a mim e minha família a mudar de estado e vir para o Paraná empreender no segmento de cosméticos. Foram mudanças radicais que fizemos tudo em nome desse grande sonho: construir uma bela história e vivê-la intensamente, deixando um legado para nossos filhos e para as gerações que sucedessem”, conta.
Entretanto uma fatalidade fez Lena recuar, a perda do filho Felipe com apenas 18 anos foi por um ano um bloqueio. O marido continuou com as atividades da Feito Brasil, mas logo depois Lena encontrou forças para sair da sociedade de outra empresa e se dedicar 100% à Feito. Seu filho Giulio com 17 anos entrou na empresa em 2012 e até hoje promove melhorias e mudanças na forma que a empresa cresce. A Feito Brasil está hoje em uma das maiores lojas de cosméticos do mundo, a Séphora, e já ganhou sete prêmios, entre eles dois prêmios “Atualidade Cosmética”, considerado o Oscar dos cosméticos.
Na Doce D’ocê o DNA não está só no sangue, mas na empresa também. Noeli Bazanella aos 23 anos começou no mundo do empreendedorismo com a filha Carla de três aninhos a tiracolo. Hoje, Carla com 28 anos trabalha no negócio da família e herdará a indústria de alimentos ao lado da irmã Fernanda, que atualmente cursa medicina.
A indústria de alimentos fica localizada em Chopinzinho, interior do Paraná, e hoje é responsável pelo maior retorno de ICMS ao município e é a empresa que mais emprega na região. Porém, tudo começou na cozinha da casa de Noeli e fruto de muita dedicação aos filhos e ao sonho.
“Foi uma abnegação pessoal quase que por completo. Foi devido a um período de dificuldades que enfrentávamos, que aflorou o espírito empreendedor, porém, para mim, ainda prevaleceu a responsabilidade do ser mãe. Não quis colocar a Carla na creche e mantinha-a por perto durante as minhas atividades, cuidava particularmente da alimentação, brincava quando dava, enfim, minha filha convivia com a correria de trabalho do dia a dia”, conta.
O maior desafio de Noeli foi cumprir com a missão do ser mãe na íntegra dentre as demais atribuições do seu empreendimento. “É você ser o tempo todo o espelho, o modelo pra seus filhos. Lembrar que o tempo todo você está sendo observada e copiada por eles”, conclui.
MAIS LIBERDADE PARA ESTAR COM OS FILHOS
Em Curitiba, Larissa Andrade embarcou na vida empreendedora em 2015 ao lado do marido, na Manusis, empresa de tecnologia. O filho mais novo tinha três anos e a empreitada foi ao mesmo tempo em que descobriram que o Lucca estava a caminho.
“Antes de decidir empreender, trabalhei durante muitos anos em indústria. Foi em janeiro de 2015, eu e meu marido recebemos a oferta para comprar a empresa em que meu marido trabalhava e optei por apoiá-lo nesse desafio. Entre muito trabalho, sacrifícios e incertezas, em outubro de 2015, já com três meses de gestação descobri que o Lucca viria fazer parte da nossa família. Hoje vejo que foi a melhor decisão que tomei, pois apesar da correria, da responsabilidade de ter várias famílias dependendo do negócio, não teria a liberdade que tenho e dificilmente conseguiria conciliar o trabalho com a rotina de dois filhos pequenos”, conta Larissa .
Apesar de ter mais liberdade na gestão do tempo, Larissa afirma que o maior desafio é, ainda, encontrar o equilíbrio entre a maternidade, com os filhos pequenos, e a dedicação que o próprio negócio exige. “Quando você tem seu próprio negócio, apesar da liberdade de ir e vir sem ter um chefe para prestar contas, o expediente não termina as 18h da tarde e se não tomamos cuidado, ainda mais quando o marido trabalha no mesmo local, a empresa passa a ter foco 24 horas”, alerta.
Entretanto, como Noeli e Lena, Larissa também quer que um dia os pequenos façam parte do negócio da família, mas com certeza apenas se eles também tiverem paixão pelo negócio. “No fundo acho que os pais sempre esperam que seus filhos entrem no negócio e deem continuidade aos seus sonhos, mas na verdade a decisão cabe exclusivamente a eles, pois se você não amar o que faz, não terá sucesso”, finaliza.