Acidentes com moto estão entre as principais causas de amputação
Clínica em Porto Alegre tem atendimento pioneiro a pacientes amputados
Quem enfrenta o trânsito já sabe. É cada vez maior o número de motos que circulam pelas ruas. O veículo, além de ser ágil e econômico tem, cada vez mais, facilidades na hora da compra, com valores bem acessíveis. Para se ter uma ideia, dos 835 mil veículos cadastrados na cidade de Porto Alegre, 94 mil são motos. E, justamente pela sua agilidade, muitos motoqueiros acabam colocando suas vidas em risco, realizando manobras perigosas e audaciosas em meio a carros e ônibus. Tudo isso só aumenta as estatísticas de acidentes de trânsito com motociclistas, que acabam ficando mais vulneráveis. Apesar de o número de motocicletas representarem apenas 11% da frota da capital, as motos representam 40% dos óbitos relacionados a acidentes de trânsito, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre.
Mas nem todos os acidentes terminam de forma fatal. Alguns conseguem sobreviver com sequelas. É o caso do João Hamilton Sanguitan, que, em 2009 saiu do trabalho e, no meio do caminho lembrou de ter deixado o celular no trabalho. No retorno, um acidente mudou a sua vida. “Estava voltando e uma outra moto bateu na minha perna. Tive que amputá-la quase instantaneamente, em questão de uma hora já estava amputando a perna”, conta João.
A amputação, infelizmente, é um dos problemas comuns ocasionados por acidentes de trânsito, sobretudo motocicletas. Para se ter uma ideia, dados divulgados pelo banco de dados SIHSUS, mostraram que de 2008 a 2015, em todo o Brasil foram registrados 361.585 procedimentos de amputações de membros inferiores e superiores. E a segunda maior causa ainda é o trânsito, que representa 20% das amputações, ficando atrás apenas da diabetes, segundo revelou a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR).
Esse é um dado que também é possível de ser percebido nas clínicas de reabilitação específicas para pessoas amputadas, como é o caso da Ottobock, que desenvolve um trabalho de reabilitação com base num protocolo internacional. “Aqui na nossa clínica recebemos de 30 a 40% de pacientes que perderam membros por decorrência de acidentes de moto. Diferente da diabetes, em que muitas vezes as amputações são mais simples, como dedos, por exemplo, esse tipo de trauma exige um processo de reabilitação mais completo”, conta Claudinei Pereira, supervisor da unidade da Ottobock Clinical Services na capital gaúcha.
Reinserção por meio da reabilitação
O processo de reabilitação no período pós-amputação deve ser cauteloso. A Ottobock, marca alemã líder no mercado de próteses e órteses e que inaugurou uma clínica recentemente em Curitiba, desenvolve um trabalho baseado num protocolo internacional e que segue nove passos, incluindo a fabricação de uma prótese personalizada, desenvolvida exclusivamente para o paciente que teve um membro amputado.
“Quando o paciente chega à clínica, ele geralmente está muito abalado, o que é bem normal. E toda a equipe da Ottobock está preparada para recebê-lo da melhor forma, realizando com ele uma pré-avaliação, ouvindo as expectativas do paciente e envolvendo-o na escolha da sua prótese. Assim, todo o trabalho é desenvolvido com o objetivo de atender a demanda do paciente, preparando o seu corpo para receber a prótese, e realizando um trabalho de fortalecimento muscular, habilidade e confiança para que a prótese passe a ser uma extensão do seu corpo”, explica a fisioterapeuta da clínica, Thaís Oliveira.
A prova de como a marca é comprometida com o processo de reinserção de seus pacientes é a parceria que ela mantém com o Comitê Paralímpico e o grande número de embaixadores paratletas que a marca possui, como Lars Grael, Edson Dantas, Fernando Fernandes, Pauê, entre outros. O próprio João Hamilton encontrou na natação uma motivação para a vida. “A reinserção não é fácil. Até a gente se sentir seguro demora bastante. Eu mesmo levei dois anos para poder andar normalmente, com segurança. O esporte foi uma maneira de eu me reencontrar, e a Ottobock é uma marca que incentiva muito essas práticas. O acidente mudou a minha vida e, infelizmente, continua atingindo muitas pessoas, mas trabalhar no sentido de se adaptar e acreditar que as coisas podem sempre melhorar é fundamental”, conta João, que já foi bronze nos 400 m nado livre na fase Rio Sul em 2014, 2015 e 2016, e hoje nada profissionalmente pelo Grêmio Náutico União em Porto Alegre.