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12 ago

Escola de Curitiba promove intercâmbio cultural por meio de troca de cartas com Minas Gerais

De acordo com levantamento do CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil) cerca de 80% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos possuem acesso à internet e pelo menos 21% deles já deixaram de comer ou dormir para ficar online. Pensando em despertar o interesse das crianças para práticas que resgatam a valorização da escrita, uma escola de Curitiba propôs um desafio para seus alunos: trocar cartas.

“Como estamos trabalhando com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que propõe que seja despertado no aluno um sujeito investigador, engajado e formador de opinião, que valoriza e respeita as diferentes manifestações culturais e artísticas; a ideia da troca de cartas encaixou perfeitamente nesta proposta”, explica Carolina Paschoal, diretora da Escola Pedro Apóstolo.

Desde maio, os alunos do 5º ano da Escola Pedro Apóstolo vivenciam a experiência de trocar cartas com alunos da Escola Municipal Wenceslau Neto, de Itajubá, interior de Minas Gerais. As professoras Selma Maria Mildemberger e Silvana Perrone, que supervisionaram a atividade, contam que o engajamento foi maior do que o esperado.

“Inicialmente, a proposta era apenas realizar a troca de cartões postais para trabalhar os conteúdos de tipos textuais e regiões brasileiras. No entanto, as crianças engajadas com a proposta, propuseram que mais informações fossem trocadas e foi aí que as cartas começaram a ser escritas”, explica Selma.

Nas trocas de cartas, as crianças abordaram diversos assuntos como cultura, gastronomia e histórias da região onde vivem. Uma das curiosidades foi quando os alunos curitibanos descobriram o significado e surgimento da expressão “uai”, tipicamente mineira. “A gente descobriu com as cartas que essa expressão surgiu lá atrás quando homens se reuniam secretamente e tinham que dar três toques na porta e falar ‘uai’ como um código secreto. Depois de anos e muitos acontecimentos o ‘uai’ continua sendo uma expressão utilizada em todo o Estado”, resume Matheus Cardoso, de 10 anos, participante do projeto na Escola Pedro Apóstolo.

E a troca de experiências entre os alunos acabou sendo tão natural e profunda que assuntos como o rompimento da Barragem na cidade de Brumadinho também foram abordados. Os mineirinhos falaram sobre como a tragédia, que completou seis meses recentemente, afetou o dia a dia de todo o Estado. Houve até troca de iguarias. A turma mineira presenteou a curitibana com uma massa de pão de queijo, alimento típico mineiro, e foram retribuídos com uma cuia de chimarrão, típica da região sul.

Ao todo foram aproximadamente 60 cartas trocadas. Agora o projeto entra em uma nova fase: a turma da Escola Pedro Apóstolo tem o desafio de transformar um conto em quadrinhos para enviar aos colegas mineiros. Esse conto foi uma história real sobre um “queijo perdido” e promete arrancar boas risadas. “A atividade de troca de cartas envolveu tanto os alunos que as ideias não param de surgir. A cada hora eles propõe coisas novas para enviarem e também aguardam as cartas com muita ansiedade. Estamos muito felizes com o resultado do projeto”, conclui Carolina Paschoal.