Escola de Curitiba trabalha emoções de alunos em disciplina curricular
Na Escola Pedro Apóstolo os estudantes foram incentivados a se expressar no ambiente familiar durante a pandemia. Com o retorno ao presencial, novas demandas surgiram para professores trabalharem sentimentos em sala de aula
Reconhecer as emoções, saber falar sobre elas com os colegas da escola e também compartilhá-las com a família para melhorar as relações interpessoais. O que poderia ser somente uma atividade ou palestra é o foco de uma disciplina da grade curricular de uma instituição de ensino de Curitiba. No Laboratório Inteligência de Vida (LIV), ministrado na Escola Pedro Apóstolo, os estudantes utilizam de séries, histórias, vídeos e mascotes para trabalhar e expor suas emoções, além de interagir de forma construtiva com os colegas. E assim como diversas outras disciplinas, durante a pandemia, o LIV precisou passar por adaptações e superação nos anos de 2020 e 2021. Porém, a grande surpresa foi que, no retorno para o presencial em 2022, novos desafios surgiram.
Conforme explica a diretora da Pedro Apóstolo, Carolina Paschoal, toda a comunidade escolar estava empolgada para retornar, mas, após dois anos, os desafios surgiram. “Como nessa disciplina tratamos as emoções dos alunos e como lidar com elas, percebemos nas atividades de retorno que precisaríamos de um período de adaptação. Os estudantes guardaram alguns de seus sentimentos por muitos meses e tiveram que lidar com situações adversas ao passarem mais tempo dentro de casa e ao voltarem a uma rotina com socialização na escola”, explica. Dessa forma, os professores da disciplina precisaram outros métodos para esse momento.
Dois anos de incerteza e emoções reprimidas
Assim como outras instituições, a Pedro Apóstolo passou um ano com ensino remoto e outro ano com ensino híbrido, o que trouxe desafios para a adaptação do LIV, que sempre teve no contato entre os estudantes e professores uma questão chave para o desenvolvimento de pontos socioemocionais e do pensamento crítico.
Segundo o professor Jhony Cesar Grein, que ministra a aula de LIV para alunos do 6° ao 9° ano da Pedro Apóstolo, o ensino remoto fez com que os adolescentes tivessem dificuldades em expressar suas emoções nas aulas online. Isso porque, no mesmo ambiente em que assistiam às aulas estavam seus parentes, como os pais que trabalhavam em home office. “Tivemos que convencer esses alunos a expressar seus sentimentos e emoções diante de sua família. Nas aulas, tentamos falar da questão da vergonha e do receio e mostrar aos estudantes que os familiares estariam ali para escutá-los”, explica. Outras formas de aplicar a disciplina também foram implantadas, como os relatos de situações dos alunos enviados por meio de formulários online ao professor ou mesmo a possibilidade de escrever os sentimentos anonimamente ou em terceira pessoa.
E quando professores e alunos achavam que os desafios estavam superados no retorno ao presencial, foi aí que novas questões surgiram para trabalhar as emoções com os alunos. Depois de tanto tempo sem contato, foi a vez do professor voltar a ensinar como interagir.
“Após tanto tempo de comunicação online e certamente muito menos intimista, a maioria dos estudantes perdeu o dom da interação. Alguns alunos tinham vergonha até de se olhar ao longo de um diálogo, por exemplo. Fazer elogios, expressar sentimentos…muitas situações antes comuns viraram um desafio. Ou seja, esse retorno ao presencial está sendo fundamental para lapidarmos essas emoções, para que eles voltem a conseguir se expressar, tanto as coisas boas como as que não concordam, mas sem ofender o outro”, afirma Grein.
No caso da Educação Infantil, segundo a professora Priscila Schwartz, o retorno ao ensino presencial mostrou como o contato é fundamental para que as crianças percebam seus sentimentos. “No ensino on-line não conseguíamos estar junto da criança, para incentivá-la a deitar no chão, fechar os olhos, colocar a mão no coração, por exemplo. Com o retorno, os alunos podem nomear o que sentem e precisamos ajudá-los”. Em uma das atividades é utilizado a mascote Lupi, que conta a sua experiência de ir pela primeira vez à escola. Assim, cada aluno pode demonstrar sua emoção em seus primeiros dias de aula. “Dessa forma nos adaptamos e vemos a cada dia o que a criança sente. É uma alegria quando elas chegam à escola e não ficam mais tristes. Elas entendem que existe a saudade, mas logo elas poderão ver os seus pais e mães novamente”, explica.
De acordo com a diretora da Pedro Apóstolo, outra demanda é ensinar as crianças da primeira infância a brincarem umas com as outras. “Parte dos alunos não puderam, nos primeiros anos de ensino, ter essa aproximação com os amigos, de sujar os pés, rolar no chão, brincar de batata quente, de esconde-esconde, de jogar bola, enfim, de tantas outras brincadeiras. Elas não sabem muito bem como fazer isso e estamos aqui para ensiná-las. Com esse retorno, nosso desafio é aproximá-las para terem esse momento de contato, amizade e parceria umas com as outras”, afirma. Para Carolina, não se trata somente de uma questão de certo ou errado, mas de como os profissionais vão lidar com as crianças que não aprenderam a brincar em grupo, porque para elas, não foi possível aprender.
Mudança dentro de casa
As aulas durante o período de isolamento da pandemia de Covid-19 foram importantes os alunos, como é o caso do Matheus, do 9° ano da Pedro Apóstolo. Segundo Tatiane Ale, que é mãe do estudante e trabalha como professora, a evolução no comportamento do filho é nítida. Ela explica que, no início da pandemia, Matheus tinha dificuldades com as mudanças ocorridas naquela época, e apresentava crises de ansiedade e choro. “Durante as aulas de LIV on-line, via o Mateus animado e compartilhando com os colegas suas vivências e sentimentos desta fase delicada. Ele tem um excelente relacionamento com o professor, que virou uma referência para ele: sempre que necessário o procura para conversar”, explica.
Tatiane conta ainda que o jovem agora tem mais facilidade para expor suas emoções, desde que a escola começou com as aulas de LIV. “Temos observado uma mudança muito grande em relação ao seu emocional. Percebemos que ele se sente à vontade para expor o que pensa e sente, além de sempre trazer para nós os assuntos e discussões abordados na aula de LIV”, afirma.
Sobre a Escola Pedro Apóstolo
Respeito ao próximo, igualdade, humildade e liberdade de expressão. Esses foram os principais valores que inspiraram a criação da Escola Pedro Apóstolo. Mais de vinte anos depois, a instituição orgulha-se de ter mantido seu foco e expandido sua atuação. Sediada em um terreno localizado no bairro Capão Raso, com 2.984 metros quadrados, atualmente atende alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental II e oferece aulas em meio período (matutino e vespertino), intermediário e integral bilíngue.
A Escola Pedro Apóstolo foi fundada em 1997 por Odilon Augusto Paschoal e Dircea Paschoal. A ideia do casal era que a escola apresentasse um ensino no qual o aluno pudesse ser visto como único e que as habilidades dele fossem valorizadas e estimuladas por meio de aulas dinâmicas, professores capacitados comprometidos e experientes com o olhar cuidadoso e atendimento individual.
Além da formação dos alunos, a constante atualização dos professores também é uma das missões da Pedro Apóstolo. Além de valorizar profissionais altamente qualificados no mercado, a escola organiza grupos de estudo de leitura, atualidades e vivência entre os seus professores como forma de incentivo e de promover a troca de cultura e conhecimentos.
Escola Pedro Apóstolo
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