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18 jun

Isolamento: Saiba por que a terapia em grupo é uma tendência entre empresas durante a quarentena

Aumento exponencial de casos de ansiedade e depressão é um dos desafios que vem impactando produtividade no home office.

Os números impressionam. Durante a pandemia no Brasil, os casos de ansiedade dobraram e de depressão aumentaram 90%, segundo estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio (Uerj) publicado online pela revista científica The Lancet. Problemas psicológicos, já evidentes no país antes do isolamento social, são a terceira causa de afastamento nas empresas. Agora, intensificados durante a quarentena, gestores têm o duplo desafio de manter o bem estar de funcionários e a produtividade no trabalho remoto. Mas como?

A psicóloga, editora e palestrante Ana Carolina de Carvalho Pacheco, aposta que o momento delicado da pandemia é ideal para que empresas invistam em terapia para seus funcionários. A publicação científica “The Lancet Psychiatry” comprova que a cada um dólar investido em programas de vitalidade psíquica, o retorno é de quatro dólares, na capacitação e desempenho dos trabalhadores. O formato mais indicado é a terapia em grupo, que se mostra uma tendência em meio ao isolamento social. Além de ser uma alternativa mais econômica, Ana Carolina afirma que na maioria dos casos traz resultados mais rápidos que os atendimentos individuais. E durante a quarentena, com a ajuda da tecnologia, pode ser realizada de forma online.

“Na terapia em grupo pode-se perceber um novo viés sobre uma situação comum pelo olhar do outro e os feedbacks são mais diversos, não apenas do psicólogo. No caso das empresas ainda existe a possibilidade de conhecer melhor este outro participante – que pode ser seu colega, supervisor, estagiário – suas ideias, percepções. Envolve por vezes partes da vida pessoal de cada um e isso gera empatia entre participantes de uma equipe, bem como, abertura de consciência para novos olhares sobre um tema. Durante o isolamento é ainda mais importante promover essa interação entre as pessoas e por isso a terapia em grupo é uma ótima alternativa”, explica a especialista.

Também de acordo com a psicóloga, apesar de todos estarem experimentando uma situação nova, com medos, inseguranças e isolamento social, cada um tem sua realidade e percepção, vinculada às experiências individuais. Ana Carolina afirma que quando pessoas que trabalham na mesma empresa compartilham dessas situações, isso traz proximidade e sentimento de pertencimento – a chamada consciência de grupo.

Foi o que aconteceu em uma empresa de confecção de roupas, em que a proprietária promoveu a terapia em grupo com os diretores de cada setor.

“Nessa experiência, o método de tema foi livre, porém o que mais surgiu em comum foi a insegurança em relação ao desempenho e em relação à avaliação do outro. Desde o primeiro encontro as melhoras foram significativas. O espírito de equipe foi fortalecido, a autoconfiança restabelecida, a comunicação teve uma melhora impressionante, mais direta e funcional. Todo isso refletiu nas equipes de cada gestor e refletindo no faturamento da empresa”, conta Ana Carolina.

A psicóloga explica que isso é comum de acontecer na terapia em grupo, pois acontece a percepção de um novo ponto de vista sobre algum tema ou questão da instituição, de si ou do conjunto. Depois que os colaboradores partilharem seus anseios, sentem-se aliviados e mais felizes.

“A participação como locutor em meus grupos terapêuticos é espontânea pois mesmo quem só ouve sai beneficiado. Muitas pessoas dizem que foram para o grupo com a ideia fixa de não falar e, diante do envolvimento do grupo, têm participação muito ativa na terapia. É comprovado que consciência em grupo favorece o crescimento dos indivíduos”.

Para uma instituição, informação e boa comunicação são de extrema importância e estes aspectos são desenvolvidos durante a aplicação da terapia de grupo.

“A empresa, ao optar por investir em seus colaboradores em meio a uma crise, tem como resultado uma maior união e colaboração entre as equipes gerando reflexo positivo no clima da empresa e em sua produtividade, evolução pessoal dos colaboradores e, consequentemente da instituição”, finaliza.

Ana Carolina de Carvalho Pacheco é psicóloga clínica, mestre em psicologia forense. É palestrante e editora da área de saúde da Juruá Editora.